Esperança

Hoje não há muita esperança nas coisas. Tudo é como é “porque é assim que tem que ser”. Coisas mais pontuais, como alguma enfermidade grave ou terminal e demais perdas iminentes são facilmente aceitas – e nem sempre confortadas ao coração – de forma mais consciente.

O problema jaz em situações ou coisas que não temos controle, como nos casos acima, mas que podem ou não ser diferentes do que os olhos e o coração vêem. Esse “ou não” que é o responsável por inúmeros sentimentos que atacam o pensamento justo e racional e fere como um punhal afiado esse nosso órgão que insiste em querer filtrar tudo que sentimos – o coração. Ah, o coração....

Em tempos de desamores, muita gente consegue atingir um estado quase desconectado da realidade para conseguir viver sem sofrer. Ou sofrer o mínimo possível. É dessa forma que amores efêmeros e paixões ligeiras estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Apenas adia-se os lutos, as dores, os sofrimentos e, o mais importante, o crescimento pessoal através do auto-conhecimento e reflexão sobre tudo que vivemos a cada dia, cada hora.

Mas quem se propõe a não viver nas efemeridades sofre outro tipo de dor: a dor da esperança. Não aquela esperança em dias melhores (muito genérico) ou que as coisas vão se acertar com o tempo... não. A esperança de que ser divergente dos amores efêmeros é inerente ao sofrer e esperar pelos outros, na expectativa de que essa postura ajude-os de alguma maneira.

Logicamente, nossas decisões não afetam apenas a nós mesmos. De modo geral, todos optam ora por não tomar as decisões – afinal, a dor da esperança de outrem vai fazer com que eles tomem a decisão por mim – ora por tomar a decisão precipitada, errada e infundada, que nada mais é que prejuízo emocional e afetivo para si mesmo - embora se ache que não em um primeiro momento - e para as pessoas ao nosso redor.

Assim, uma vez se colocando como alguém diferenciado nessa perspectiva toda de desamor, você vai sofrer antes, durante e depois, tanto pela sua parcela de responsabilidade, quanto pela responsabilidade do outro, já que é fácil perceber quando se acha alguém em que se pode jogar tudo para cima, até pensar e refletir por nós.

Porém, todo esse processo nos dá a certeza que estamos a construir algo sólido, que nenhuma tormenta irá derrubar. Algo que vai além de bem-estar momentâneo e tópico, que não atinge o coração. Ter esperança de ver alguém voltar ao que se tinha e era bom, verdadeiro e sincero, mesmo que esse retorno não seja à nossa fortaleza. Esperança de que ao pegar para si os erros e equívocos de outrem, eles irão rever atos e palavras e perceber o que realmente quer dizer amar e querer bem.

Mas a caminhada não pára. Como diria o Pregador Luo:
“Haja o que houver não desista
Seu bom momento pode estar dançando do seu lado na pista
Então dance com a vida, pra que seu bom momento exista.”

E apesar das tormentas, as dores da esperança nos fazem...
“Ter [a] certeza que é da maneira certa que está se envelhecendo
Seja qual for o momento, lembre de um bom tempo...
Cante a canção, agora mesmo pode ser um tempo bom!”

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