Sempre

E a rotina toma conta. É trabalho, é estudo, é isso e é aquilo. Dias cansativos, gasolina cara, trânsito caótico e professores picaretas. É pai que briga com mãe, é irmãos que pentelham, amigos que somem e o concurso que vai sair. Tudo isso dá uma canseira danada! Ainda mais quando você ta num tempo que “tudo dá errado”.

Dias que se arrastam e nada muda. Acorda 6 da madrugada, passa por um dia desse tipo e pega engarrafamento até na hora de voltar para casa, às 23hs. Chega a casa e procura a chave certa para abrir a porta e é nessa hora que todo o dia ruim é esquecido: ele está ali, deitado na porta, te esperando. Deve ter corrido o dia todo, brincado, “marcado” território na roda do carro da mamãe, rolado na grama e vigiado muito bem a casa. Ele também está cansado, mas boceja, levanta e pula em você te chamando pra brincar, para te dar uma alegria em meio a um dia tão chato e estressante.

Não importa a hora. Ele levanta, com sono, espreguiça, e está sempre ali pra te alegrar. Tenta te beijar, lamber. Te morde, pula, arranha. Late, corre e rola. Sempre uma brincadeira (de morder) nova, nunca há tédio. Até futebol americano dá pra jogar com ele. Ele te ouve, te respeita e te entende. Sempre. Já obedecer, nem sempre. Alias, quase nunca.

Se você está cansado das pessoas, é só olhar pra ele para perceber o que é lealdade e amizade. O que é carinho e atenção. Alegria e satisfação apenas por você ter aparecido. Não precisa de mais nada além de um cafuné e um pouco de retribuição na atenção. E mesmo que você não queria falar com ele, não tem problema. Abaixa o rabo, deita e volta a dormir, sem rancor e estará pronto para te dar uma lambida de "bom dia" na manhã seguinte!


(Des)organização

Esses tempos de barba são legais. Menos frio e menos trabalho (se barbear todo dia é um saco!). Mas é a segunda vez que ficar de barba vem depois de uma perda. Tirei a barba quando percebi que não era mais a hora de lamentar e cavar um buraco cada vez mais fundo para longe de quem eu amo (e de quem eu amava). Dessa vez também. Mas ainda sim, de barba. Já percebi a algum tempo que a barba acabou, digo, o luto. E ela persiste.

Outra coisa é meu quarto. Nunca fui o mais organizado – pelo contrário. Minha mãe sempre ameaçou jogar a bagunça toda pela janela porque ela nem conseguia entrar no meu quarto (não conseguia porque não era fisicamente viável mesmo). Com EMB, UnB, Nups e tudo que a vida acadêmica traz, o quarto ficava mais tempo arrumado, justamente porque eu não estava nele. Comecei então a conseguir mantê-lo limpo e arrumado, mesmo fazendo de cabide a cadeira do computador e o puff do chão (tá, eu tenho um puff no chão, que é bem confortável e nada metrossexual!).

Mas o que barba e quarto bagunçado têm em comum? Não só os behavioristas diriam que “a barba é algo que te faz manter as pessoas afastadas” e “a desorganização mostra algum desarranjo em alguma parcela da sua vida”. É mais sutil do que perceber aquele cachorro condicionado babando pela comida apenas ao ouvir o barulho do sino (sabe, né?). De certa forma, em algum lugar se manifesta a angústia, ansiedade, nervosismo que deixam a baixa-estima do rapaz lááá no alto! (Nossa, como eu sou engraçado, ai ai.). E nada de se livrar das coisas que reproduzem esses sentimentos que falei.

Eu vi um site que enumerava os “sintomas da desorganização crônica”. Que seriam

· Acúmulo de grandes quantidades de objetos, documentos, papéis ou outras posses além da necessidade ou prazer aparente.

· Dificuldade em se separar das coisas.

· Ter uma vasta gama de interesses e muitos projetos não finalizados.

· Necessidade de “dicas” visuais para se lembrar do que fazer.

· Tendência a se distrair facilmente ou perder a concentração.

Ficar lendo essas coisas é igual ter aula de “psicologia da adolescência” e não achar que teve sérios transtornos nessa fase da vida, ou seja, você sempre pensa “eu tenho tudo isso aí...me mediquem”.

Então eu olho a minha mesa do computador (foto) e penso em explicações para ela estar nessa situação. Um mouse quebrado e teclado apoiado com tampa de bic não são minha culpa. Prato, copo, xícara, caneca e o saco de batata-frita também estão aí por ter que trabalhar em casa (vamos movimentar o mundo do Capital, ora bolas!) e não ter tempo de comer direito (Aham). Cd’s porque sem música não dá para trabalhar. Viu, eu tenho explicação para toda a bagunça. Toda não, pra esse copo do RBD não tenho como me explicar... =)

Mas chega de explicações “estímulo-resposta”, já tá na hora de arrumar o quarto. Quanto a barba, não vou fazer ainda não. =}

Ciclos

(Re)pensar (n)a vida é a expressão da(s) metáfora(s) do espelho. O espelho como reflexo da alma. Encarar-se nos olhos como reflexo exteriorizado do que se acredita estar certo ou errado. Isso porque, hodiernamente, os sons nem sempre são ouvidos; os cheiros nem sempre sentidos e a realidade quase sempre não é percebida. É engraçado pensar nessa última, apesar de sermos extremamente influenciados por estímulos visuais...

Mas ver-se (daí o espelho) nem sempre é o que acontece. De fato, é o que menos acontece. Eventos externos são tomados como ponto de partida para a construção do que achamos ser integrantes no Eu, égide de nossa essência como pessoa. Em um mundo do “ter”, “ser” já não é mais o objetivo do viver, que dirá olha-se e reconhecer-se como algo maior que o reflexo visto no espelho, desapercebidamente, todos os dias.

Alegria e tristeza são dois momentos que exemplificam a metáfora acima. A primeira nos dá a sensação de vitória, do ‘dever’ cumprido e a “certeza” de que algo bom está sendo feito de uma vida. Já a tristeza é a frustração de saber que apenas “ter” não nos faz “ser” nada, absolutamente nada.

Mas essa dicotomia Alegria/Tristeza acaba por cair nas trivialidades da busca cega por bem-estar. E apenas isso. Ciclos desse tipo vão e vêem, mas jamais você se encara no espelho e diz os quão irrelevantes e vis são seus atos diários. Vida frívola que também mantém a condição jungida de outrem, apenas por não conseguir dizer, de fato, quem és ao se encarar no espelho.

E como já me disse um grande amigo: “e pra Deus você tem tanto valor que valeu o sacrifício de uma vida. E isso é só uma entre as razões pra nos amarmos a nós mesmos e nos valorizarmos.” Se olhar no espelho, romper o ciclo da cegueira e entender o que é, realmente, ser feliz e perceber o que significa passar por momentos de luto e tristeza.

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