Abre aspas.
Aluna com roupa curta provoca tumulto em universidade e vídeo cai na web
Vídeo mostra alunos xingando a garota na Uniban de São Bernardo.
Segundo a PM, ela foi à aula “com roupas inapropriadas”.
Fecha aspas.

O problema todo é a forma que isso repercute. De um lado os defensores da moral e bons costumes. Do outro, os que estão do lado do (já famigerado) direito a liberdade(s).

O primeiro grupo argumenta que existem regras sociais de conduta e etiqueta – entendida aqui como microéticas do dia-a-dia – que devem ser seguidas. Dessa forma, a aluna feriu esse código de conduta moral, causando “histeria nos outros alunos”, de acordo com a direção da faculdade (e ao que parece, não se manifestou ainda).

O segundo grupo defende a liberdade que cada um deve ter com o próprio corpo e isso não pode ser questionado, afinal, um dos direitos mais valorizados hoje em dia é o da liberdade.

O engraçado é ver como os argumentos transitam de um lado a outro. Pessoas que são contra o primeiro grupo dizem que eles estão errados, pois “o que é bonito é para se mostrar”. Ou ainda, essa faculdade é gerenciada por homossexuais, afinal, que mal tem uma “gostosa de vestido curto a passear pela universidade?”, como disseram alguns colegas da referida aluna.

Isso tudo só mostra a total falta de percepção das pessoas em relação a coisas simples, que deveriam estar na égide de toda discussão como essa: respeito, por exemplo. Veio à tona toda a homofobia, sexismo, falso-moralismo e hipocrisia dos que se aventuraram a discutir isso sem compreender que, na verdade, não estamos falando só do direito a usar essa ou aquela roupa. Vai além disso.

Quer dizer então que a principal razão para deixar a menina usar “vestido curto demais” é propiciar um deleite aos olhos dos meninos machistas e, também, servir de exemplo para aquelas que não se vestem assim?

Isto me lembrou um casal, vizinhos meus, que estavam esperando o primeiro filho. A futura mamãe dizia, aos risos do marido, que se o filho fosse homem, iria pegar todas. Mas se fosse menina, não iria dar pra ninguém.

Mas e ai, Boris, o que acha disso tudo?



Ganhamo, galhiera!!


Hoje foi anunciada a “vitória” do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Depois do Pan 2007 e a Copa do Mundo de Futebol em 2014, faltava apenas isso para o país entrar de vez na “rota esportiva mundial”.

Galera no Pôr-do-sol comemorando a vitória do Rio

Pelo que li nas entrelinhas desse processo todo, o Brasil vem ganhando espaço para sediar esses eventos internacionais porque o mundo tem se comovido com a situação do terceiro mundo (sic). Esses eventos sempre tiveram o histórico de sedes na Ásia ou Europa (mais nesse segundo continente), mas de uns tempos para cá isso tem mudado (vide África do Sul 2010)... O argumento central é: eventos dessa amplitude trazem benefícios permanentes ao país/cidade que os sediam que vão além do período da realização dos jogos. Mas é isso mesmo que acontece?

Vejamos o caso do Pan 2007 no Rio de Janeiro. Não quero colocar dados estatísticos aqui, mas esse Pan deixou um legado apoteótico de tranqueiras na cidade. Muitos investimentos públicos, espaços construídos com recursos federais e estatais que hoje estão abandonados, além de despesas diversas que deixaram um déficit maior nas contas do Estado que antes de 2007. Mas o faturamento foi maior, como pode? Lógico, alguém se deu muito bem nessa história. E não foi a população do Rio.

2014 a Copa será no Brasil. Arruda já reformou o Bezerrão, gastou uns R$10.000.000,00 para um estádio que não vai receber nenhum jogo durante a Copa, além de vários outros investimentos que, ainda sob o argumento de gerar infraestrutura permanente para a população, quase chegam à esfera do bilhão (de dólares, claro).

Se em 2007 sediamos um evento que nem é considerado de elite por muitos dos atletas de alto desempenho - os EUA e outros países fortes em diversas modalidades como atletismo, natação e jogos de equipe mandaram atletas amadores ou de categorias juvenis -, mas em 2016 TODO mundo vai querer participar. Os olhos estarão no Rio de Janeiro.

Resta a esperança de que os altos investimentos retornem para a população, como pregou a bandeira da candidatura brasileira, e que momentos de paz não se restrinjam às 3 semanas de realização dos jogos.

Mas essa mesma esperança se mistura a um conformismo estranho, que pensa: “ah, podem roubar a vontade, pelo menos não vamos morrer de bala perdida no Rio durante 3 semanas.”

Já que minha torcida contra a vitória do Rio 2016 não deu certo, vamos agora ficar de olho no que pode, de fato, representar ao país receber Copa do Mundo e Olimpíadas. Só vai ser difícil explicar que ter Olimpíadas no Brasil vai além de só torcer para o César Cielo ganhar medalha de ouro.

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